quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que é nanotecnologia.

“Os princípios da física, pelo que eu posso perceber, não falam contra a possibilidade de manipular as coisas átomo por átomo. Não seria uma violação da lei; é algo que, teoricamente, pode ser feito, mas que na prática nunca foi levado a cabo porque somos grandes demais” (Richard Feynman).
A nanotecnologia é a capacidade potencial de criar coisas a partir do menor, usando as técnicas e ferramentas que estão a ser desenvolvidas nos dias de hoje para colocar cada átomo e cada molécula no lugar desejado. Se conseguirmos este sistema de engenharia molecular, o resultado será uma nova revolução industrial. Além disso, teria também importantes consequências econômicas, sociais, ambientais e militares.
Quando Eric Drexler popularizou a palavra “nanotecnologia”, nos anos 80, referia-se à construção de máquinas à escala molecular, de apenas uns nanômetros de tamanho: motores, braços de robô, inclusive computadores inteiros, muito mais pequenos do que uma célula. Drexler passou os seguintes dez anos a descrever e analisar esses incríveis aparelhos e a dar resposta às acusações de ficção científica. No entanto, a tecnologia convencional estava desenvolvendo a capacidade de criar estruturas simples à escala reduzida. Conforme a nanotecnologia se converteu num conceito aceite, o significado da palavra mudou para abranger os tipos mais simples de tecnologia à escala nanométrica. A Iniciativa Nacional de Nanotecnologia dos Estados Unidos foi criada para financiar esse tipo de nanotecnologia: a sua definição inclui qualquer elemento inferior a 100 nanômetros com propriedades novas.
Fala-se com frequência da nanotecnologia como uma “tecnologia de objetivos gerais”. Isso se deve ao fato de que na sua fase madura terá um impacto significativo na maioria de indústrias e áreas da sociedade. Melhorará os sistemas de construção e possibilitará a fabricação de produtos mais duráveis, limpos, seguros e inteligentes, tanto para a casa, como para as comunicações, os transportes, a agricultura e a indústria em geral.
Imagine dispositivos médicos com capacidade para circular na corrente sanguínea e detectar e reparar células cancerígenas antes que se estendam. Imagine o que seria “encolher” todo o conteúdo da Biblioteca Nacional num dispositivo do tamanho de um cubo de açúcar. Ou, então, desenvolver materiais dez vezes mais resistentes que o aço e com apenas uma fração do peso.
Tal como já aconteceu com a eletricidade ou os computadores, a nanotecnologia melhorará em grande medida quase todas as facetas da vida diária. Como tecnologia de objetivos gerais, porém, teria um uso duplo, ou seja, teria múltiplas aplicações comerciais e também militares: seria possível produzir, por exemplo, armas e aparelhos de vigilância muito mais potentes. A nanotecnologia representa, portanto, incríveis vantagens para a humanidade, mas também graves riscos.
A base da nanotecnologia é o fato de que não só oferece produtos aperfeiçoados como também uma ampla variedade de melhores meios de produção. Um computador pode fazer cópias de ficheiros de dados; basicamente tantas cópias como quisermos a um custo muito reduzido ou mesmo inexistente. Pode ser apenas uma questão de tempo até que a fabricação de produtos se torne tão barata como a cópia de ficheiros. Aqui reside a verdadeira importância da nanotecnologia, por isso é vista às vezes como “a próxima revolução industrial”.
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Seria possível condensar o poder da nanotecnologia num aparelho, na aparência simples, chamado nanofábrica, cheio de minúsculos processadores químicos, computadores e robôs e que poderia ir colocado no seu computador pessoal. Os produtos seriam fabricados diretamente a partir dos projetos e, portanto, tratar-se-ia de um processo rápido, limpo e barato.
A nanotecnologia não só permitiria a fabricação de produtos de alta qualidade a um custo muito reduzido como também a criação de novas nanofábricas com o mesmo custo e velocidade. É mesmo por essa capacidade única de autorreprodução (para além da biologia, evidentemente) pelo que a nanotecnologia se denomina “tecnologia exponencial”. Refere-se a um sistema de fabricação que, por sua vez, seria capaz de produzir mais sistemas de fabricação-fábricas - que produzem outras fábricas - de maneira rápida, barata e limpa. Os meios de produção poder-se-iam reproduzir exponencialmente. Portanto, em apenas umas semanas, poderíamos passar de um reduzido número de nanofábricas para vários bilhões. Constitui, então, um tipo de tecnologia revolucionário, transformador, potente mas também com muitos riscos ou vantagens potenciais.
Quanto tempo demorará a ser uma realidade? Os analistas mais prudentes falam num período de vinte ou trinta anos a partir de agora, ou ainda mais tarde. No entanto, provavelmente, durante a próxima década. Isto é devido ao rápido avanço das novas tecnologias como, por exemplo, no campo da óptica, nanolitografía, mecânoquímica e criação de protótipos em 3D. Caso chegar tão rápido, talvez não estejamos prontos e poderia ter graves consequências.
Julgamos que não é cedo demais para começar a colocar uma série de questões e abordar os seguintes temas:
- A quem pertencerá a tecnologia?
- Estará altamente restringida, ou amplamente disponível?
- Como afetará ao fosso entre ricos e pobres?
- Cemo poderão ser controladas as armas perigosas e prevenir corridas armamentistas?
Muitas destas questões já foram colocadas há mais de uma década e ainda não receberam resposta. Caso não abordarmos essas questões de maneira deliberada, as respostas chegarão sozinhas e podem apanhar-nos de surpresa; e a surpresa provavelmente não seja agradável.
É difícil antecipar com certeza quanto tempo tardará esta tecnologia em madurar, em parte porque poderia acontecer que já estejam a ser desenvolvidos desde há anos programas industriais ou militares clandestinos sem o nosso conhecimento (especialmente em países que não têm sociedades abertas).
Não podemos garantir que a nanotecnologia não será desenvolvida plenamente nos próximos dez anos ou inclusive cinco anos. Embora possa levar mais tempo, a prudência e a nossa sobrevivência exige que pensemos no cenário mais antecipado e que, portanto, nos preparemos já.
Fonte: http://www.euroresidentes.com/futuro/nanotecnologia.