Como
pareceria o mundo hoje, se Karl Marx tivesse realizado seu projeto de vida
original? É que o jovem Marx se considerava um porta nato, e alguns produtos de
suas inspirações poéticas chegaram até nós. Eles trazem títulos altamente
líricos, algo como "Canto dos elfos", "Canto dos gnomos" ou
"Canto das sereias", ou seja, trata-se de fúteis cantilenas
mitológicas. Uma poesia particularmente comovedora, ainda que profundamente
triste, é intitulada "Tragédia do destino". Vale citar algumas
estrofes:
"A
menina está ali tão reservada,
tão
silente e pálida;
a alma,
como um anjo delicada,
está
turva e abatida...
Tão
suave, tão fiel ela era,
devotada
ao céu,
da
inocência imagem pura,
que a
Graça teceu.
Aí
chega um nobre senhor
sobre
portentoso cavalo,
nos
olhos um mar de amor
e
flechas de fogo.
Feriu-a
no peito tão fundo;
mas ele
tem de partir,
em
gritos de guerra bramando:
nada o pode impedir".
Mas
Marx também encontra outro tom:
"Os
mundos uivam o próprio canto fúnebre.
e nós somos macacos de um Deus frio".
Após
essa amostra, surge a pergunta se a poesia alemã perdeu muito com a decisão de
Marx, ainda que sob profusos sofrimentos da alma, de abdicar da carreira
poética. Em todo caso, o pai, um advogado bem-sucedido, exprime-se assim:
"Lamentaria ver você como um poetinha." Sugere, entretanto, que o
filho escreva uma "ode em grande estilo" sobre a Batalha de Waterloo.
Os pósteros, porém, dependendo de se enxergar no marxismo a salvação ou a
perdição do mundo, sentem-se aliviados ou angustiados por Marx ter desistido,
após longo tempo, de cavalgar o Pégaso.
Karl
Marx nasce em 1818, em Trier, "a menor e mais desgraçada aldeia, cheia de
mexericos e ridículos endeusamentos locais". De sua juventude não se sabe
nada de significativo. Interessante é no máximo observar que o futuro ateísta
fanático tenha escrito um ensaio de conclusão do curso secundário sobre o tema
"A Unificação dos Crentes em Cristo". Depois, quando segue para Bonn
a fim de estudar Direito, encontra notoriamente dificuldades em lidar com as
coisas exteriores. Em todo caso, assim lhe escreve a mãe apreensiva: "Você
não deve considerar de modo algum uma fraqueza feminina, se eu agora estiver
curiosa para saber como tem administrado sua vida doméstica, se a economia
representa também algum papel, o que é uma necessidade inevitável tanto para
grandes como para pequenas casas. Permito-me assim observar, querido Karl, que
você nunca deve considerar limpeza e ordem coisas secundárias, pois disso
depende a saúde e o bem-estar. Observe rigorosamente que seu quarto seja
lavado. E lave-se você também, querido Karl, semanalmente com esponja e
sabonete." Essa advertência certamente não é sem fundamento, pois as
condições sob as quais Marx conduz seus estudos são tudo menos ordeiras:
ingressa em uma corporação e, se as notícias sobre isso procedem, é ferido em
um duelo. É encarcerado por "perturbar a ordem com alarido noturno e
bebedeira". É indiciado por "porte ilegal de arma". Acumula
dívida sobre dívida. Não obstante, fica noivo de Jenny von Westphalen, se bem
que a nobre família da noiva só tenha aceito o zé-ninguém com hesitação. Até
seu pai o adverte sobre o "exagero e exaltação do amor de uma índole
poética" de ligar-se a uma mulher.
Após
dois semestres, Marx continua seus estudos em Berlim, mas também lá se evidencia
que ele não é nenhum estudante modelar. Seu pai tem razão em se queixar.
"Desordem, divagação apática por todas as áreas do saber, meditação
indolente junto da sedenta lamparina de azeite; embrutecimento erudito em ‘robe
de chambre’ em vez de embrutecimento junto da caneca de cerveja,
insociabilidade repugnante com menosprezo total pelas boas maneiras", tudo
isso ele censura no filho. Marx assiste apenas a poucas aulas, e mesmo essas
antes do âmbito da Filosofia e da História do que do âmbito do Direito. Por
semestres inteiros quase não freqüenta a universidade. De qualquer modo ele se
forma aos 23 anos com um trabalho sobre um tema filosófico, em Jena, sem nem
sequer ter estado lá por uma única hora. Mas esses acontecimentos não o
impressionam. Para ele mais importante é pertencer ao "Clube do
Doutor", uma agremiação de jovens discípulos de Hegel, e lá discutir dia e
noite. Seus amigos atestam que ele é um "arsenal de pensamentos", uma
"alma-danada de idéias". Ao mesmo tempo escreve "um novo sistema
metafísico fundamental". Naturalmente, quer se tornar professor; mas
desiste quando vê que seus amigos, os hegelianos de esquerda, quase sem exceção
naufragavam no governo reacionário.
Em vez
disso, Marx torna-se redator no “Jornal
Renano”, de tendência liberal, publicado em Colônia. Essa atividade
força-o a ocupar-se com problemas concretos de natureza política e econômica.
Ele redige a folha em um espírito intrépido e liberal. Porém, recusa rudemente
o comunismo, do qual mais tarde deveria tornar-se o cabeça. Após breve tempo,
contudo, tem de suspender sua atividade de editor sob pressão policial. O
jornal – "a meretriz do Reno", como o rei prussiano havia por bem
chamá-lo – deixa de ser publicado.
Depois
de ter-se casado com sua noiva de longos anos, Marx dirigi-se para Paris, onde
edita juntamente com seu amigo Arnold Ruge os “Anuários Franco-Germânicos”. Por um tempo vive juntamente com a
família Ruge em uma "comunidade comunista", que porém logo se
desagregaria devido à incompatibilidade de gênios. Em Paris, Marx entra em
contato com Heine e com socialistas franceses. Mas também sua permanência nesta
cidade não é muito longa. A pedido do governo prussiano é expulso da França e
estabelece-se provisoriamente em Bruxelas, onde funda o primeiro partido
comunista do mundo (com 17 membros). Marx vai por pouco tempo para Londres,
retornando então durante a Revolução de 1848 – por ocasião da qual escreve “O Manifesto Comunista” –, à
França e à Alemanha a fim de promover seus planos revolucionários. Em Colônia,
funda o “Novo Jornal Renano”.
Mas é novamente expulso e vive até seus últimos dias, com apenas algumas
interrupções para breves viagens ao continente, em Londres. Porém, todos esses
anos em Paris e Bruxelas são cheios de contendas amargas e não particularmente
tolerantes conduzidas contra revolucionários dissidentes; há também um trabalho
intensivo em manuscritos filosóficos e econômicos, os quais em grande parte só
serão publicados após sua morte.
Em
Londres, Marx vive em situações muito limitadas com uma família que se
multiplica com rapidez. Freqüentemente padecem necessidades. A fundação de um
jornal fracassa. Marx tem de levar a vida em grande parte por meio de
donativos, sobretudo de seu amigo Friedrich Engels. As condições de moradia são
na maioria das vezes catastróficas; ocasionalmente, até a mobília é penhorada.
Ocorre inclusive de Marx nem sequer poder sair de casa por sua roupa ter sido
penhorada. As doenças perseguem a família; apenas algumas das crianças
sobrevivem aos primeiros anos. Pressionado por dívidas, Marx pensa em declarar
bancarrota; apenas o fiel amigo Engels consegue impedir esse ato extremo. A
senhora Jenny desespera-se freqüentemente e deseja para si e suas crianças
antes a morte do que viver uma vida tão miserável. Acresce que Marx se envolve
em um caso amoroso com a empregada doméstica, que não fica sem conseqüências e
prejudica sensivelmente o clima doméstico já afetado pela miséria financeira.
Continuam também as desavenças com os correligionários. Apesar de tudo, Marx
trabalha ferreamente, ainda que interrompido por períodos de inatividade
causada por esgotamento, em sua obra-prima, “O Capital”. Ele consegue enfim publicar
o primeiro volume; como quase não aparecem comentários, ele mesmo escreve
críticas positivas e negativas. Em 1883, porém, antes que a obra de três
volumes esteja completa, Marx morre aos 65 anos.
O
aspecto e a personalidade de Marx são descritos por um amigo russo de modo bem
intuitivo, ainda que sua magnífica barba seja esquecida: "Ele representa o
tipo de homem constituído por energia, força de vontade e convicção inflexível,
um tipo que também segundo a aparência era extremamente estranho. Uma grossa
juba negra sobre a cabeça, as mãos cobertas pelos pêlos, o paletó abotoado
totalmente, possuía, contudo o aspecto de um homem que tem o direito e o poder
de atrair a atenção, por mais esquisitos que parecessem seu aspecto e seu
comportamento. Seus movimentos eram desastrados, porém ousados e altivos; suas
maneiras iam frontalmente de encontro a toda forma de sociabilidade. Mas eram
orgulhosas, com um laivo de desprezo, e sua voz aguda, que suava como metal,
combinava-se estranhamente com os juízos radicais que fazia sobre homens e
coisas. Não falava senão em palavras imperativas, intolerantes contra toda
resistência, que, aliás, eram ainda intensificadas por um tom que me tocava
quase dolorosamente e que impregnava tudo o que falava. Esse tom expressava a
firme convicção de sua missão de dominar os espíritos e de prescrever-lhes
leis. Diante de mim estava a encarnação de um ditador democrático, assim como
se fosse em momentos de fantasia."
Desde
o início de sua atividade filosófica, Marx insere-se na maior disputa
espiritual de seu tempo, determinada pela vultosa figura de Hegel, cujo
pensamento ele chama de "a filosofia atual do mundo". Inicialmente,
Marx dedica-se a Hegel com paixão para, depois, distanciar-se dele com tanto
maior aspereza.
Sua
crítica inicia-se pela concepção da história de Hegel. Para este, a história
não é uma mera seqüência casual de acontecimentos, mas um suceder racional que
se desenvolve segundo um princípio imanente, ou seja, uma dialética interna. O
decisivo nisso é que o verdadeiro sujeito da história não são os homens que
agem. Na história antes dominaria um espírito que tudo abrange, ao qual Hegel
designa como "espírito do mundo" ou "espírito absoluto" ou
mesmo "Deus". Esse, o Deus que vem-a-ser, realiza no curso da
história sua autoconsciência. Ele chega, por meio dos diferentes momentos do
processo histórico, a si mesmo.
Hegel
era da opinião de que em seu tempo e em seu próprio sistema o espírito absoluto
teria, após todos seus descaminhos através da história, finalmente alcançado
seu objetivo: a perfeita autoconsciência. "O espírito universal chegou ora
até aqui. A última filosofia é o resultado de todas as anteriores; nada está
perdido, todos os princípios foram preservados. Esta idéia concreta é o
resultado dos esforços do espírito por quase 2500 anos, seu fervoroso trabalho,
de reconhecer-se." Portanto, após o surgimento da filosofia hegeliana, não
pode haver mais nada realmente inconcebível. Esse é o sentido da conhecida
frase do “Prefácio
à Filosofia do Direito: O que é racional é real; e o que é real é
racional." Razão e realidade chegaram, portanto,
segundo Hegel, finalmente à adequação uma com a outra; elas foram
verdadeiramente conciliadas. O espírito absoluto compreendeu a si mesmo como a
realidade total e a realidade total como manifestação sua.
Aqui
entra o protesto de Marx. Aquele pensamento de Hegel, de que a realidade toda
tinha de ser entendida a partir de um espírito absoluto, consiste para ele em
um injustificado "misticismo". Pois assim se filosofa a partir de um
ponto acima da realidade factual, não a partir dessa mesma. Em oposição a isso
a decidida exigência de Marx – de colocar a filosofia, ora de ponta-cabeça, de
volta sobre os pés – é que a visão da realidade deveria ser invertida. A
realidade deste mundo não deve ser explicada com base em uma realidade divina.
Contrariamente, o ponto de partida do pensamento tem de ser a realidade
concreta. Esse pensamento imprime à filosofia de Marx seu cunho ateísta. "A
missão da história é, após o além da verdade ter desaparecido, estabelecer a
verdade do aquém."
Quando
Hegel afirma que a realidade estaria conciliada com a razão, ele não poderia,
segundo Marx, ter em vista a realidade concreta. Em Hegel, tudo se passa no
âmbito do mero pensamento. Mesmo a realidade sobre a qual ele fala, é a mera
realidade pensada. Para Marx, porém, a realidade factual mostra-se
contraditória, inconcebível e, portanto não conciliada com a razão. Todo o
empenho filosófico de Hegel fracassa porque ele não é capaz de incluir essa
realidade efetiva em seu pensar, por mais abrangente que esse seja. "O
mundo é, portanto um mundo dilacerado, que se opõe a uma filosofia fechada em
sua própria totalidade."
Para
Marx, portanto, a realidade concreta é a realidade do homem. "As
pressuposições com as quais iniciamos são os indivíduos reais." A
filosofia como Marx a postula – em contraposição a Hegel e em concordância com
Feuerbach – é uma filosofia da existência humana. "A raiz do homem é o próprio homem."
Marx denomina sua filosofia por isso mesmo de "humanismo
real". O real primeiro e originário para o homem é o próprio homem. É
dele, portanto, que o novo pensar também tem de partir.
Mas o
que é o homem? O significativo aqui é que Marx não considera o homem, como o
faz Hegel, essencialmente a partir de sua faculdade de conhecer. Ao contrário,
trata-se decisivamente da “práxis” (prática) humana, da ação concreta. "Na
práxis, o homem tem de comprovar a verdade, isto é, a realidade, o poder e a
mundanalidade (o que vem do mundo) de seu pensamento." "Parte-se do
homem real que age."
É da
essência da “práxis” humana que ela se realize na relação com o outro. Se
Feuerbach queria conceber o homem como indivíduo isolado, Marx ressalta com
toda clareza: o homem vive desde sempre em uma sociedade que o supera. "O indivíduo
é o ser social.", "O homem, isto é o mundo do homem: Estado,
sociedade." Essa natureza social constitui para Marx o
ponto de partida para toda reflexão subseqüente. Assim deve-se entender a muito
discutida frase: "Não é a consciência do homem que determina seu ser, mas é seu ser
social que determina sua consciência."
Mas
por que meio se constitui a sociedade humana? Marx responde: basicamente, não
por meio da consciência comum, mas por meio do trabalho comum. Pois o homem é
originariamente um ser econômico. As relações econômicas e particularmente as
forças produtivas a elas subjacentes são a base (ou a
"infra-estrutura") de sua existência. Apenas na medida em que essas
relações econômicas se modificam, também se desenvolvem os modos da
consciência, que representam a "superestrutura ideológica". Desta
superestrutura fazem parte o Estado, as leis, as idéias, a moral, a arte, a
religião e similares. Na base econômica reencontram-se também aquelas leis do
desenvolvimento histórico, como as que Hegel atribuiu ao espírito. As relações
econômicas desdobram-se de modo dialético, mais precisamente, no conflito de
classes. Por isso, para Marx, a história é principalmente a história das lutas
de classes.
Até
aqui tudo poderia parecer como uma das muitas teorias antropológicas e
histórico-filosóficas, em que a história da filosofia é bastante rica, isto é,
até interessante, mas realmente apenas mais uma interpretação entre muitas
outras. Por que, então, o que Marx diz é tão estimulante? Como se explica que
seu pensamento tenha determinado tão amplamente o tempo seguinte? Isso reside
obviamente em que Marx não se detém no âmbito do pensamento puro, mas que se
põe a trabalhar decisivamente na transformação da realidade: "Os filósofos
têm apenas interpretado diversamente o mundo; trata-se de modificá-lo."
Nessa
intenção, Marx empreende uma crítica de seu tempo. Observa que em seus dias a
verdadeira essência do homem, sua liberdade e independência, "a atividade
livre e consciente", não se podem fazer valer. Por toda parte o homem é
tirado a si mesmo. Por toda parte perdeu as autênticas possibilidades humanas
de existência. Esse é o sentido daquilo que Marx chama de
"auto-alienação" do homem. Ela significa uma permanente
"depreciação do mundo do homem".
Também
aqui Marx recorre às relações econômicas. A auto-alienação do homem tem sua
raiz em uma alienação do trabalhador do produto de seu trabalho: este não
pertence àquele para seu usufruto, mas ao empregador. O produto do trabalho
torna-se uma "mercadoria", isto é, uma coisa estranha ou alheia ao
trabalhador, que o coloca em posição de dependência, porque ele precisa
compará-la para poder subsistir. "O objeto que o trabalho produz, seu
produto, apresenta-se a ele como uma essência estranha, como um poder independente
do produtor." Da mesma forma também o trabalho se torna "trabalho
alienado": não a ele imposto de sua autoconservação; o trabalho torna-se,
em sentido próprio, "trabalho forçado". Esse desenvolvimento atinge
sua culminância no capitalismo, no qual o capital assume a função de um poder
separado dos homens.
A
alienação do produto do trabalho conduz também a uma "alienação do
homem". Isso não vale apenas para a "luta de inimigos entre
capitalista e trabalhador". As relações interpessoais em geral perdem cada
vez mais a sua imediação. Elas são mediadas pelas mercadorias e pelo dinheiro,
"a meretriz universal". Enfim, os próprios proletários assumem
caráter de mercadoria; sua força de trabalho é comercializada no mercado de
trabalho, no qual se encontra à mercê do arbítrio dos compradores. Seu
"mundo interior" torna-se "cada vez mais pobre"; sua
"destinação humana e sua dignidade" perdem-se cada vez mais. O
trabalhador é "o homem extraviado de si mesmo"; sua existência é
"a perda total do homem"; sua essência é uma "essência
desumanizada".
Mas,
no ápice desse desenvolvimento – o que Marx crê poder demonstrar –, tem de
sobrevir a guinada. Ela se torna possível desde que o proletariado se
conscientize de sua alienação. Ele se compreende então como "a miséria consciente
de sua miséria espiritual e física, a desumanização que, consciente de sua
desumanização, supera por isso a si mesma". Concretamente, segundo os
prognósticos de Marx, chega-se a uma concentração do capital nas mãos de
poucos, a um crescente desemprego e empobrecimento das massas. Com isso, porém,
o capital torna-se seu próprio coveiro. Pois a essa concentração de capital
devem seguir-se, segundo "leis infalíveis" – com necessidade
histórica, cientificamente reconhecida e dialética –, a subversão e a
revolução. A missão dessa revolução é "transformar o homem em homem",
para que "o homem seja o ser supremo para o homem". Trata-se de
"derrubar todas as relações em que o homem é um ser degradado,
escravizado, abandonado e desprezado". Importa realizar "o verdadeiro
reino da liberdade", desenfronhar o homem em "toda a riqueza de sua
essência" e, com isso, superar definitivamente a alienação.
Marx
considera tudo isso tarefa do movimento comunista. É chegado o tempo do
"comunismo como superação positiva da propriedade privada enquanto
auto-alienação do homem e por isso como apropriação real da essência humana por
meio de e para o homem; por isso, como regresso – perfeito, consciente e dentro
da riqueza total do desenvolvimento até aqui –, do homem para si mesmo enquanto
homem social, ou seja, humano. Esse comunismo é a verdadeira dissolução do
antagonismo entre o homem e a natureza e entre o homem e o homem. A verdadeira
solução do conflito entre liberdade e necessidade. Ele é o enigma decifrado da
história, a verdadeira realização da essência do homem". Com o comunismo,
"encerra-se a pré-história da sociedade humana" e inicia-se a
sociedade "realmente humana". Mas sobre como essa sociedade comunista
deve ser, Marx não nos dá nenhuma informação adicional.
Fonte:
www.mundodosfilosofos.com.br.